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Pintura
O Contributo Europeu para o desenvolvimento da pintura Mogol

Manuel Castilho

Manuel Castilho

O contributo europeu para o desenvolvimento da pintura mogol nos sec.XVI e XVII é um dos capítulos mais interessantes da interacção cultural India-Europa, que estranhamente pouca atenção tem merecido dos nossos estudiosos das coisas do oriente(exceptuando a notável exposição Goa e o Grão-Mogol , na Fundação Calouste Gulbenkian em 2004 e respectivo catálogo)

Fig 1- Escritório com embutidos de madrepérola em laca do Guzarate, circa 1570-1600            da Jorge Welsh ,. A-18.5 cm, L 30.5 cm, F- 20.5 cm Fig 1- Escritório com embutidos de madrepérola em laca do Guzarate, circa 1570-1600 da Jorge Welsh ,. A-18.5 cm, L 30.5 cm, F- 20.5 cm

A dinastia mogol foi iniciada por Babur (r.1526-153) que partindo da sua base de Kabul derrotou Ibrahim Lodi,o Sultão de Delhi. Os primórdios do império foram precários,o seu filho Humayun (r.1530-1556)teve grande dificuldade em reter as conquistas do seu pai.

O poderio e esplendor mogois no entanto devem-se a Akbar (r 1556-1605). Herdou o trono imperial aos treze anos. Revelou-se um político e administrador de grande visão e lançou as bases sólidas de um império que duraria quase intacto até ao sec. XVIII.

Akbar herdou o amor pelas artes dos seus antepassados. Seu pai Humayun havia trazido para a Índia,de Tabriz na Persia, dois importantes pintores : Mir Sayyid Ali e Abd al-Samad. Estes dois homens foram responsáveis pela organização do atelier imperial. A Pérsia safávida era então o modelo cultural de referência para as elites culturais islâmicas do Industão. Inicialmente o atelier imperial dedicou-se à ilustração de clássicos da literatura persa e a crónicas dos feitos militares dos antepassados ilustres como Gengis Khan, Timur e Babur.

As composições nesta fase de raiz persa eram eminentemente estáticas e decorativas,com a maioria da superfície ocupada por padrões decorativos. Não havia qualquer pretensão de realismo,de exprimir volume,distancia ou perspectiva.

Nos finais do sec. XVI a dinastia encontra-se consolidada. Os artistas do atelier imperial tornam-se progressivamente servidores e promotores do poder e da grandeza da dinastia.

Entretanto novos ventos sopram: Goa tornara-se um centro poderoso e cosmopolita. O primeiro contacto entre Akbar e os Portugueses parece ter ocorrido no Gujarat em 1573, durante o cerco a Surat. Nesta ocasião um grupo de portugueses ofereceu ao imperador artigos europeus que o terão maravilhado.

Em 1576 Akbar convida os Jesuítas a enviar uma missão à corte mogol: "envio Abdulah, o meu embaixador e Domingos Pires para vos pedir,em meu nome,que me envieis dois padres cultos que deverão trazer consigo os principais livros do Evangelho e tudo o que seja melhor e mais perfeito da vossa Lei..."

Em 1580 a primeira missão Jesuíta desloca-se a Agra. Sabe-se que ofereceu ao imperador uma bíblia. No entanto Akbar já teria tido certamente ocasião de apreciar a arte europeia. Gravuras alemãs e flamengas circulavam já na corte mogol, levadas por mercadores,aventureiros e outros viajantes, como presentes,ou para comércio.

Akbar e também o seu filho mais velho, o príncipe Salim,mais tarde Imperador Jahanghir,estabeleceram laços de amizade com os missionários jesuítas que permaneceram em suas cortes,por vezes durante vários anos.

A presença dos Jesuítas em Agra, Fathepur Sikri, Lahore e outras capitais mogóis está bem documentada e é relativamente bem conhecida. Os missionários relataram escrupulosamente todos os trâmites destes contactos em cartas aos seus superiores que são hoje uma leitura fascinante. Contam pormenorizadamente as visitas de Akbar à sua capela em Agra e a suposta veneração pelas imagens de Jesus, Nossa Senhora e dos Santos e a sua admiração pela excelência e realismo das pinturas que lhe é dado observar.Akbar teria chamado os seus conselheiros e os pintores do seu atelier para observarem e copiarem tais maravilhas.

O interesse de Akbar pela imaginária cristã e pela pintura europeia é compreensível e certamente genuíno, mas talvez seja aconselhável dar um certo descontando tendo em vista o gosto pela hipérbole, próprio da linguagem das cortes mogóis e persas.

Parece-nos no entanto haver um mal entendido subjacente nas relações entre os Jesuitas e o Imperador Mogol. Os Jesuítas estavam convencidos que a conversão de Akbar estaria eminente.Escrevem-no repetidas vezes nos seus relatórios a Goa e a Roma. Eram encorajados pela afabilidade e honrarias que lhes eram dispensadas e pelo genuíno interesse do soberano na Lei e filosofia Cristas.

Akbar na realidade não tinha qualquer intenção de se converter ao Cristianismo.Era um monarca moçulmano não muito convicto, num pais predominantemente hindu. Nutria sim a ideia de criar uma nova religiao (o Din-I-Ilahi, Religião Divina)) aproveitando o "melhor" das outras religiões e de acrescentar ao seu enorme poder temporal o estatuto de líder espiritual.Era movido no seu interesse pelo Cristianismo por curiosidade intelectual e espírito universalista.

Akbar e depois Jahangir estavam empenhados, por razoes políticas de consolidação do seu poder e imagem, e certamente por vaidade pessoal, em aperfeiçoar o poder da mensagem transmitida pela pintura de corte. Esta pintura não se limitava à produção de manuscritos para deleite da corte. Nas paredes dos principais palácios,salas de audiência, e espaços públicos viam-se pinturas murais que transmitiam a mensagem pretendida.Em Fathepur Sikri os primeiros jesuítas a entrar no palácio imperial encontraram pinturas representando Cristo, Nossa Senhora, Moisés e Maomé.

Os poderosos da corte mogol aperceberam-se das possibilidades que a pintura europeia, com as suas técnicas de representação mais realistas poderia oferecer no processo de enaltecimento da imagem imperial. Por influência europeia dá-se uma libertação do espaço pictórico. As figuras adquirem maior expressão e individualidade. O retrato realista torna-se corrente.Os artistas dos ateliers das várias cortes copiam gravuras europeias,aprendem as técnicas de sombreado e tracejado para dar volume e animação sobretudo às vestes. Abre-se uma visão de distância dada pela redução dos elementos mais afastados. Técnicas renascentistas como o "sfumato" são utilizadas para sugerir profundidade de campo.

Elementos da iconografia cristã são usurpados e re-contextualizados para servir o enaltecimento e quase deificação do Imperador. Pintores como Abdu'l Hasan especializam-se em retratos alegóricos em que Jahangir é representado,sentado num trono dourado, tal como Cristo, segurando a orbe,a sua cabeça envolta por um resplendor dourado enquanto anjos seguram grinaldas. A influência europeia na pintura de corte neste importante período da arte do Industão é considerável e nem sempre reconhecida.

  • Um importante escritório de “laca do Gujarate” para o mercado europeu, circa 1570-1600 da Jorge Welsh Works of Art.

    Jorge Welsh Works of Art

    Jorge Welsh Works of Art

    De tempos a tempos aparecem no mercado de antiguidades peças tais como este escritório de tampo de abater, do Guzarate, com requintado trabalho de embutidos de madrepérola em laca preta, que independentemente da sua beleza, valor comercial e raridade óbvios, ajudam a deslindar algumas das dúvidas acumuladas e que são uma bênção para os estudiosos e interessados em determinada área da produção das artes decorativas.

    Informações adicionais
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      De tempos a tempos aparecem no mercado de antiguidades peças tais como este escritório de tampo de abater, do Guzarate, com requintado trabalho de embutidos de madrepérola em laca preta, que independentemente da sua beleza, valor comercial e raridade óbvios, ajudam a deslindar algumas das dúvidas acumuladas e que são uma bênção para os estudiosos e interessados em determinada área da produção das artes decorativas.

    • autor

      Jorge Welsh Works of Art

    • Tema Mobiliário
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  • Sobre o Escultor Jorge Vieira

    Luísa Correia da Silva

    Galeria São Mamede

    Jorge Vieira concretiza a perfeita conciliação entre o que há de mais profundo, fundamental, enraízado, mais ontologicamente anterior, e o lado mais inocente, lúdico, juvenil e puro do ser humano. É por isso que o seu trabalho é extremamente cativante. E é dessa maneira que consegue uma enorme proeza: apesar do seu motivo, o seu trabalho em nada é assustador.

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      Jorge Vieira concretiza a perfeita conciliação entre o que há de mais profundo, fundamental, enraízado, mais ontologicamente anterior, e o lado mais inocente, lúdico, juvenil e puro do ser humano. É por isso que o seu trabalho é extremamente cativante. E é dessa maneira que consegue uma enorme proeza: apesar do seu motivo, o seu trabalho em nada é assustador.

    • autor

      Luísa Correia da Silva

    • Tema Pintura
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